domingo, 11 de janeiro de 2009

anatomia de um processo

"na outra banda" não esconde a expectativa à volta de "Watchmen". Tenho a BD e como qualquer adaptação em que haja um conhecimento prévio, o resultado final desperta sempre curiosidade.
Mas "Watchmen" atravessa momentos conturbados devido a luta pelos direitos de autor.
Sou um mero mortal, minha avaliação é sempre feita à distância. Leio as reportagens e cabe a mim avaliar o que sinto, o que acredito.
Sendo fã de cinema, estas histórias não são de todo desconhecidas. Projectos que levam anos a ganhar forma, passam de mão em mão, por ai vai.
O texto abaixo, que levou tratamento "Control C/Control V" veio dá página omelete e revela parte do processo que, neste caso, "Watchmen" teve para ganhar vida.
O texto foi escrito pelos produtores do filme Lloyd Levin e Larry Gordon e soa realista q.b. para entender a cabeça de quem decide e o que sente quando perde uma boa oportunidade.
A Fox, já tive a oportunidade de escrever antes no blogue, teve a faca e o queijo na mão e se recebe apatia neste momento, é de todo merecida.
Abaixo, texto elucidativo da luta que foi trazer o filme para o grande ecrã e o tratamento que a Fox deu ao filme.

"Depois de mais de 15 anos trabalhando com este projeto, dez deles em contato direto com a indústria do cinema, eu tenho uma perspectiva pessoal que acho importante dividir com o público. Ninguém tem mais ciência da ironia desta situação do que Larry Gordon e eu. Já falaram pra gente que a HQ é infilmável. Depois do 11 de setembro nos disseram que a história era muito próxima da realidade para o grande público. Houve quem quisesse transformar o projeto em algo diferente, um filme de equipe, focado em um só personagem, com menos mortes e menos sombrio. A lista de insatisfações com Watchmen era infinita. (...) Depois de todos esses anos de rejeição, o mesmo projeto, o mesmo filme, vira alvo de uma disputa de milhões de dólares entre dois estúdios. Olha a ironia."

"Larry e eu desenvolvemos roteiros em cinco estúdios diferentes. As filmagens tiveram uma falsa largada duas vezes. Ao longo dos anos, ao contrário da descrença dos estúdios, muitas pessoas acreditavam apaixonadamente no filme. Roteiristas entregaram revisões no texto de graça. Ilustradores nos cederam artes conceituais. Pra mim, o estopim da disputa aconteceu na primavera [março a maio] de 2005. Watchmen foi oferecido tanto à Fox [que no processo alega ter direitos adquiridos desde 1986, mas optou por não fazer o filme em 1991] quanto à Warner. Era o mesmo pacote, inclusive com a mesma carta de apresentação. Na resposta, um e-mail interno da Fox dizia que os executivos acharam o roteiro o mais ininteligível pedaço de merda que eles haviam lido em anos. E a Warner Brothers nos chamou depois de ler o roteiro, interessada no filme."

"Os executivos da WB não estavam inteiramente confortáveis com o filme. Depois de negociações com alguns diretores, Zack Snyder foi contratado bem antes de 300 ter sido lançado. 300 nem estava pronto. (...) O roteiro de Watchmen tinha quase três horas, o filme não só pegaria censura R [abaixo de 17 anos, nos EUA, só acompanhado de adulto] como seria um R com muita violência, não teria astros e o orçamento ficaria acima de 100 milhões. Pedimos também à Warner para bancar filmagens adicionais de 60 a 90 minutos de material para o DVD. Eles bancaram esse pacote inteiro e eu mal posso começar a enfatizar como essa aposta não tem precedentes por parte de um grande estúdio hollywoodiano. (...) Se Watchmen tivesse permanecido na Fox esse filme nunca teria sido realizado. Pelo bem dos artistas, executivos e realizadores envolvidos (...) a Fox deveria desistir do processo. Meu pai era advogado e gostava de seguir a lei à risca, mas sempre me ensinou que definir o ´certo´ e o 'errado' não era o único propósito da lei."

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